Excelente currículo, habilidades técnicas e experiência na área. Tudo isso pode ir por água abaixo se a pessoa não souber lidar com as emoções (próprias e dos outros) no ambiente de trabalho. Especialistas são unânimes ao afirmar que é muito difícil separar a vida pessoal da profissional, mas também concordam ser possível aprender a gerenciar os impulsos para driblar as adversidades que surgirão ao longo de sua carreira.
— Quando vamos trabalhar, levamos tudo que está de bom e o que não está. Por isso, é importante desenvolvermos uma “atenção amorosa” em relação a nós mesmos e depois elaborarmos nossos sentimentos e desejos — analisa Denise Aerts, médica e psicoterapeuta do espaço de promoção de saúde emocional Bororó25.
Para o profissional não acabar explodindo com um colega, destratando o chefe ou tendo uma crise de choro em plena reunião com clientes, a psicóloga Ana Maria Rossi, diretora-presidente da International Stress Management Association (Isma- BR), explica que o autocontrole dessa emotividade é o primeiro passo para atitudes intempestivas.
— No momento em que a pessoa identifica de onde vem seu ímpeto de agressividade ou de hipersensibilidade, pode racionalizar e usar isso a seu favor. Essa é a diferença entre resistência e resiliência. É quando, além de não sucumbir às emoções, a pessoa as transforma positivamente — ensina Ana Maria.
Na prática, percebe-se o desequilíbrio dos sentimentos quando um profissional não sabe se posicionar frente às situações adversas de forma madura e assume um comportamento passivo, agressivo ou dissimulado, explica Vera Martins, diretora da Assertiva Consultores e autora dos livros Seja Assertivo! e Tenha Calma.
— Já o profissional que sabe administrar as emoções, torna-se bem resolvido e maduro. Ele usa as técnicas da comunicação assertiva para expressar seu desconforto e acertar as relações com chefes e colegas, propondo novas alternativas de relacionamento saudável — completa Vera, que estará no mês que vem na Capital para palestra no Congresso de Stress e Qualidade Vida, promovido pela Isma -BR.
Como gerenciar as emoções:
1º passo — Assuma responsabilidade pela emoção sentida. Assim diga “eu me sinto…”
2º passo — Fale claramente ao outro qual é o seu desconforto ou emoção sentida.
3º passo — Fale diretamente qual é o comportamento do outro que lhe causou o desconforto, mas foque no comportamento e não avalie a pessoa.
4º passo — Mostre os impactos negativos causados pela situação, porém, sem criticar ou atacar o outro.
5º passo — Busque a cooperação do outro, mostrando os benefícios da mudança.
6º passo — Proponha novas alternativas de relacionamento ou peça ao outro que dê sugestões.
7º passo — Negocie essas alternativas com o outro.
8º passo — Comprometa-se com a mudança e agradeça o empenho e compreensão demonstrada pelo outro.
Lembre-se: quando o outro (chefe ou colega) estiver em conflito com você, estimule-o a passar pelos oito passos para expressão das emoções e você seja aberto para ouvir o feedback.
Perfis de risco no ambiente de trabalho
> O PASSIVO fica quieto, engole sapos e concorda com tudo para evitar conflitos, ou seja, reprime as emoções negativas dentro de si.
> O AGRESSIVO reage com irritação e impaciência com situações que o incomodam e, às vezes, de tanto engolir sapos, perde a calma e reage com explosões de raiva e respostas depreciativas, expondo a si e o outro.
> O DISSIMULADO tenta disfarçar o desconforto das emoções negativas guardadas, boicotando trabalhos e pessoas, utilizando-se da ironia e do sarcasmo para acertar as contas com os outros. E o pior, acerta com a pessoa errada, no momento errado e de forma errada.
Inteligência emocional
A inteligência emocional é maior nos profissionais assertivos porque são pontuais na solução de conflitos, focam a solução e não o problema, têm um modelo mental baseado em crenças reais e otimistas, usam a razão para avaliar suas emoções e decidir qual é o melhor pensamento, qual é a emoção adequada e qual comportamento devem adotar em cada situação. São pessoas que sabem o que querem na vida e têm uma mente focada no sucesso e não no fracasso, porém, sabem avaliar as ameaças e transformá-las em oportunidades.
Fonte: zerohora.clicrbs.com.br