Como será o trânsito daqui a 30 anos?

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Ipojucatur_29-02-16_Site“No futuro, não existirão acidentes de trânsito”. A frase, do diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Paulo Roberto Guimarães, causa impacto. Quem nunca sonhou com um mundo sem as tragédias relacionadas ao tema, que povoam os noticiários atuais? Deparar-se com uma perspectiva tão positiva para um futuro relativamente próximo parece mesmo ficção científica. Mas essa realidade é perfeitamente plausível, de acordo com ele e com outros especialistas ouvidos pela Perkons. É algo como as “maluquices” previstas para o dia 21 de outubro de 2015 no filme “De Volta para o Futuro”, de Robert Zemeckis, que levou gerações inteiras a tentarem adivinhar como seriam a medicina, a segurança, as roupas, os costumes e o trânsito décadas à frente. Pois bem… o futuro chegou. E muitas das previsões tidas como de outro mundo pela sociedade da época, hoje fazem parte do nosso cotidiano, como sensores de movimento, drones, biometria e até mesmo os populares tablets.

O otimismo de Guimarães, que é engenheiro civil, se deve exatamente à confiança no avanço da tecnologia. “O fator humano é responsável por mais de 90% dos acidentes e, no futuro, esse risco será totalmente eliminado com a utilização de veículos autônomos, que serão capazes de se deslocar sem a necessidade de serem guiados por pessoas”, explica, referindo-se a uma tecnologia já existente, mas ainda não massificada. A popularização desse meio de transporte será testemunhada por mais de 11 bilhões de pessoas, segundo projeção da ONU para a população mundial até o ano de 2100. Só até 2030 já seremos 8,5 bilhões e, até 2050, 9,7 bilhões.

Ele prevê ainda que o funcionamento do transporte coletivo em modelo de integração entre vários modos de transporte será uma realidade difundida, utilizando sistemas inteligentes de captação de demanda e roteirização. “Os veículos utilizarão combustíveis limpos e renováveis, e integrarão a paisagem urbana de forma harmônica”, acrescenta.

Esta, aliás, é uma questão emergencial no mundo que conhecemos hoje: estamos em pleno burburinho, repercutindo a COP-21, e os principais cientistas que se dedicam ao estudo das mudanças climáticas já bateram o martelo: é verdade que diminuímos cerca de 6 gigatoneladas a emissão anual de gás carbônico, mas a meta é a diminuição de 12 a 14 gigatoneladas por ano. Isso para que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse 2°C até 2100. Os dados são do Emissions Gap Report 2015, divulgado no último dia 4 de dezembro pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Descentralizar vai ser moda

Segundo o Ministério dos Transportes, os governos tendem a priorizar mais os transportes de massa no futuro, uma vez que o individual, com veículos médios, deverá ficar cada vez mais caro e ambientalmente insustentável. “Estatísticas mostram que um veículo médio consome cerca de 95% da energia para se transportar e 5% para transportar o passageiro”, informa o órgão.

E é preciso levar em conta que teremos muito mais veículos automotores circulando no futuro, o que nos leva à necessidade de termos uma melhor eficiência energética e com fontes renováveis como protagonistas. Segundo estimativa de 2015 do Banco Mundial, cerca de 70% das emissões de CO2 do mundo são provenientes das áreas urbanas, e o relatório ‘Perspectivas da Urbanização Mundial’, da ONU, prospecta que a população urbana do globo saltará dos 54% de hoje para 66% até 2050. Então, todo cuidado com o aumento das emissões de gases de efeito estufa é essencial.

Voltando ao número de veículos – que respondem, junto ao setor industrial, por boa parte das emissões desses gases – teremos acréscimo de praticamente 400% só no Brasil, passando de uma frota de 36 milhões de veículos em 2013 para 130 milhões em 2050. A projeção faz parte do Plano Nacional de Energia 2050, de autoria da Empresa de Pesquisa Energética.

A respeito de como será o planejamento urbano no futuro, Paulo Roberto Guimarães afirma que haverá “diversas centralidades, onde cada pedaço da cidade contará com emprego, ensino, serviços e moradia”. “Estas centralidades reduzirão drasticamente a necessidade de deslocamentos diários de média e longa distâncias, proporcionando às pessoas a possibilidade de realizarem suas atividades cotidianas a pé ou de bicicleta”, detalha o engenheiro.

 

Fonte: Administradores

 

Imagem: Bigstock by Oneinchpunch

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