A informação partiu do prefeito João Doria durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, numa segunda-feira, dia 10 de abril: o urbanista e ex-governador do Paraná Jaime Lerner vai desenvolver um projeto de requalificação do centro da cidade de São Paulo.
No dia 3 de junho deste ano noticiamos que o projeto, doado à prefeitura pelo, já estava nas mãos da secretária de Urbanismo e Licenciamento, Heloísa Proença, que teria assumido a pasta com o apoio de entidades do setor imobiliário, conforme afirmara à época o portal UOL.
No dia 26 de setembro, mais de cinco meses após a primeira declaração do prefeito João Doria, ele prometeu publicamente que vai executar o projeto que propõe revitalizar o centro com bulevares e duas linhas turísticas de Veículo Leve Sobre Pneus (VLP), uma espécie de bondes modernos movidos a eletricidade. Nos mesmos moldes do VLT do Rio de Janeiro, o projetado por Lerner não circulará sobre trilhos.
O prazo inicial era de 12 anos, mas ontem o prefeito prometeu entregar os bondes modernos sobre pneus até 2020, sem cobradores e com cobrança de tarifa por celular. Ainda segundo Doria, o projeto inclui a construção do que ele chamou de “edifícios icônicos”, construções com potencial para serem marcos na paisagem da cidade.
O projeto ainda precisar de análise e aval da Câmara Municipal.
Segundo o prefeito, a implantação do projeto será bancada pela iniciativa privada, fundos de investimento (BNDES, Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial), e por recursos da prefeitura.
O projeto foi oferecido à prefeitura pelo Secovi – sindicato do mercado imobiliário. O presidente do conselho consultivo do sindicato, Cláudio Bernardes, calcula em R$ 300 milhões o custo para implantar os bulevares nas principais avenidas do centro (como Rio Branco e Duque de Caxias), metade do preço, segundo ele, caso o projeto fosse de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Na apresentação do projeto, Sergio Avelleda, secretário de Mobilidade e Transportes, afirmou que as duas linhas circulares de VLP “vão contemplar pontos de interesse da cidade e privilegiar a conexão entre as estações de metrô, ônibus e trem”. Avelleda disse ainda que a operação será feita por operadores privados a partir de licitação.
Heloisa Proença, secretária de Urbanismo e Licenciamento, disse que grande parte do que traz o projeto depende de alterações de leis. “O melhor instrumento para se fazer isso é a alteração da Operação Urbana Centro. Isso porque grande parte da legislação regular de zoneamento do centro traz muitos imóveis tombados, muitas Zeis [Zonas Especiais de Interesse Social]. Isso tudo tem que ser tratado ao mesmo tempo para conseguirmos esse projeto de requalificação da área central”, disse Heloísa.
Em declaração ao jornal Folha de SP do dia 27 de setembro, o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano teme que o projeto de revitalização do centro pode levar à expulsão das pessoas das classes baixas. “A classe de renda média já está mudando para o centro, morando em ‘studios’ de dez metros quadrados. A classe de renda baixa também está lá, só que em cortiços. Esse projeto pode gerar um processo de expulsão dos mais pobres do centro. O mercado dá conta da classe média. Cabe ao poder público corrigir a distorção e dar acesso aos mais pobres”.
Fonte: Diário do Transporte
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