HISTÓRIA: De São Bernardo a Santo Amaro pelas Balsas

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Uma viagem em meio à natureza, utilizando balsas e num ritmo bem tranquilo.

 

O que hoje pode parecer turismo, foi uma das principais ligações mistas por rios, represas e estradas entre o ABC e a zona sul da capital paulista até os anos de 1960.

 

É o que recorda o historiador e pesquisador da área de transportes, Mário dos Santos Custódio, que conversou com o Diário do Transporte. Ele diz que uma longa ligação por ônibus era feita entre os anos de 1950 e 1960, pela Viação Taquacetuba Ltda.

 

A ligação por balsa entre o ABC e a Capital Paulista é antiga e remota à criação da Represa Billings. A represa foi criada para gerar energia elétrica para a cidade de São Paulo, por meio da usina Henry Borden, localizada em Cubatão. O projeto da represa é de autoria do engenheiro estadunidense Asa White Kenney Billings (daí o seu nome), funcionário da empresa Light (The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited). A construção da represa teve início em 1925 e término em 1927, quando se iniciou o enchimento do reservatório.

 

Operado pela EMAE – Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A., o trajeto é feito por balsas em três pontos de travessia do Reservatório Billings:

 

– Balsa João Basso, entre o Riacho Grande e o bairro Tatetos, ainda em São Bernardo. Neste bairro já houve uma vila de pescadores e há a região das terras das reservas indígenas do Curucutu e Morro da Saudade, que foram demarcadas pela Funai – Fundação Nacional do Índio.

 

– Seguindo por terra, chega-se ao bairro Taquacetuba, ainda em São Bernardo, onde é possível pegar a Balsa Taquacetuba.

 

– A Balsa Taquacetuba vai até a Ilha do Bororé, já na zona Sul da Capital Paulista. Para seguir à região do Grajaú, é necessário ir com outra balsa: a Balsa Bororé.

 

Esta verdadeira aventura era trajeto de trabalho diário de muitas pessoas até os anos de 1960.

 

Os ônibus da Viação Taquacetuba saíam da Praça da Matriz, em São Bernardo do Campo, iam pela Rua Marechal Deodoro até Ferrazópolis, de onde acessavam a via Anchieta, Estrada do Rio Acima, bairro Riacho Grande até a primeira balsa depois seguindo pela estrada Taquacetuba, o nome da empresa.

 

Sempre mudando de balsas, com o avançar da viagem, por terra o caminho compreendia a Estrada do Bororé, Estrada de Parelheiros (atual Avenida Sadamu Inoue), Estrada do Rio Bonito (como era chamada a ligação na época) seguindo pelas vias locais à região de Santo Amaro.

 

Hoje linhas municipais de São Bernardo do Campo e de São Paulo percorrem o extenso itinerário que era da Viação Taquacetuba

Com a pavimentação de vias no ABC Paulista e na Zona Sul de São Paulo, a ligação por balsas deixou de ser eficiente neste trajeto e Viação Taquacetuba já no início dos anos de 1970 não mais prestava serviços entre São Bernardo do Campo e a região de Santo Amaro, mas Mário Custódio lembra que várias linhas de ônibus atuais percorrem trechos da antiga empresa.

 

No itinerário estão linhas municipais de São Bernardo do Campo, da SBCTrans, e da Transwollf, do serviço municipal de São Paulo.

 

 

Fonte e Imagem: Diário do Transporte – Texto por Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

Tags: Cultura, Ônibus, História, São Paulo

 

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