Profissional do transporte deve se adequar aos avanços da sociedade

Fretamento

Informática e até conhecimento de outras línguas acabam sendo diferencias na carreira. Não basta mais saber operar um veículo grande. Instrutor fala dos desafios e oportunidades do mundo moderno para quem ganha a vida ao volante.

 

“Se o motorista só souber dirigir, não vai conseguir ficar mais na profissão. Ele tem de evoluir junto com a sociedade. E não falo só de tecnologia, mas de comportamento”

A frase é do instrutor de motoristas, Altair de Lima Mazur, profissional do volante há 38 anos e há 15 atuando no treinamento de condutores do transporte coletivo da região metropolitana de Curitiba.

Aliás, treinamento? O conceito já está ultrapassado!

“O treinamento não é mais suficiente para atender ao que a sociedade espera do motorista de ônibus. Hoje são necessárias atualizações e conscientizações do profissional e neste processo, todos têm de fazer sua parte: empresa e motorista” – explicou ao Diário do Transporte.

“As empresas, em suas capacitações, devem entender que o motorista já é um profissional. Ele sabe dirigir, o que ele precisa é ser atualizado sobre as evoluções do ponto de vista tecnológico e ser preparado para atender. Isso mesmo, o motorista é um profissional de atendimento. É o porta-voz da empresa para o passageiro, que hoje deve ser tratado como cliente. A pergunta é: você trataria mal seu freguês, seu cliente?”

Altair diz que há dois aspectos que para os profissionais devem estar atentos: aos avanços tecnológicos e às mudanças comportamentais.

Quanto à tecnologia, mais que as capacitações oferecidas pelas empresas e fabricantes, o que vale mesmo é o interesse do motorista e a humildade para aprender novas formas de condução, muitas vezes complemente opostas ao que o profissional praticou a vida toda.

“Um exemplo é o ônibus com câmbio. Trocar a marcha de um modelo atual é completamente diferente do que era antes, mesmo nos modelos mais simples. Muito mais que aprendizado, a questão é de hábito e mente aberta” – disse o instrutor.

Altair ainda comentou que os veículos, além de serem eletrônicos, possuem tecnologia embarcada e, noções de informática e até de outros idiomas, em especial o inglês, hoje são diferenciais.

Mas é o acompanhamento das mudanças comportamentais que mais exige das empresas e dos profissionais.

“Hoje a sociedade é outra e a evolução é mais rápida. Em um ano atualmente, as coisas mudam muito mais rapidamente que uma década no passado”

Um dos exemplos é que o profissional do transporte deve estar atento à legislação e não somente de trânsito.

Os direitos e deveres do passageiro, do motorista, relações de consumo, questões ambientais, noções de primeiros socorros, protocolos de ação diante de ocorrências, atitudes a tomar quando há um acidente envolvendo animais e as questões dos assédios nos transportes públicos requerem uma capacitação do condutor não apenas como profissional, mas como cidadão.

“Noções e discussões sobre cidadania são indispensáveis nos cursos e capacitações para motoristas de ônibus, mas a linguagem tem de ser prática e direta” – disse.

 

Fonte: Diário do Transporte – Adamo Bazani / Alexandre Pelegi

 

Imagem: Bigstock by dolgachov

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