Quando o prazer de trabalhar vai embora e o que fica no lugar é a falta de ânimo em realizar as tarefas do dia a dia profissional, o estresse ocupacional já está dando os primeiros sinais. As causas são muitas – salários baixos, falta de perspectiva, pressão excessiva do chefe, problemas a todo instante. Mas, basicamente, estar fazendo o que não gosta é o que mais pesa no dia a dia do profissional, dizem os consultores. Para especialistas, o primeiro passo para um profissional vencer o desânimo é descobrir qual o seu perfil, identificar suas próprias habilidades e, a partir daí, traçar uma meta para a sua carreira.
” Nem todos trabalham no que querem, muitos trabalham no que conseguem. Isso pode gerar muito desânimo e frustração, ainda que disfarçada” – diz Edson Rodriguez, vice-presidente da Thomas Brasil, empresa especializada no desenvolvimento e gestão de vida e carreira.
Os conselhos dos consultores para recuperar o ânimo
Segundo Rodriguez, especialista em gestão comportamental e profissional, é uma atribuição clara do gestor de RH identificar se o indivíduo tem o perfil adequado para exercer determinada atividade.
“Se a função requer alguém meticuloso, perfeccionista e voltado a fazer as coisas de modo a atender as regras, não se pode colocar nela alguém que goste, antes de tudo, de conversar, de se comunicar, de ser o centro das atenções. Essa pessoa vai se frustrar muito porque não vai fazer o que gosta, mas sim o que provavelmente não gosta” – explica.
De acordo com Rodriguez, se o desânimo for gerado pelo fato de a empresa estar ‘mal das pernas’, com baixas vendas, problemas financeiros, não há como se iludir: nesses casos, a ‘rádio-peão’ entra no ar e os colaboradores acabam sendo afetados pelos problemas.
” Não há milagres. É algo que se resolve através de gerenciamento adequado da empresa.”
No entanto, diz o consultor, se os problemas de desânimo estão relacionados com o fato de as pessoas estarem exercendo funções que não têm a ver com seu perfil comportamental, estes podem ser resolvidos a partir de um trabalho de autodesenvolvimento, um e-coaching para ajudar os profissionais a superar o desânimo e a mudar sua postura no trabalho. Eventualmente, pode-se optar por um job rotation, mapeando os perfis e os cargos e fazendo um cruzamento dos dados, de modo a descobrir qual o cargo mais adequado na estrutura da empresa.
Mas qual o papel do gestor ao perceber que o desânimo está afetando a sua equipe? Na opinião do diretor do Instituto de Neurolinguística Aplicada (Inap), Jairo Mancilha, especialista em neurolinguística e coaching, o gestor tem um papel importante no estado de espírito da equipe. Ele é como se fosse o ‘meteorologista’ do grupo: o responsável por administrar o clima do ambiente.
“O estado de ânimo do gestor vai contagiar ou contaminar a equipe, então o que ele precisa é aprender a manter um estado de alegria, presença e entusiasmo para levantar o astral através de sua atitude, comportamento e linguagem.”
Os consultores são unânimes em dizer que o desânimo não pode vencer o profissional. Para Rodriguez, da Thomas Brasil, a única forma realmente eficaz de dar a volta por cima é trabalhando no que se gosta ou, pelo menos, entendendo que é a partir do trabalho que se pode obter o que é importante. A clareza nesses pontos, ressalta o especialista, é parte fundamental para a melhoria do ânimo de cada um.
Fonte: oglobo.globo.com