Com as cidades cada vez mais ocupadas e o espaço viário sendo tomado por automóveis que, em sua maior parte, transportam apenas uma pessoa, a solução para melhorar a competitividade das cidades, a eficiência dos deslocamentos, e proporcionar melhor qualidade de vida aos seus habitantes passa, entre outros fatores, pela priorização do transporte público. O desempenho operacional dos ônibus está cada vez mais comprometido, e esse quadro evidencia a necessidade de formulação de políticas públicas, a fim de se evitar o colapso ocasionado pelos congestionamentos nas cidades brasileiras.
De forma a alertar a sociedade a respeito desse problema, a Associação Nacional dos Transportes Públicos (NTU) realizou, entre os dias 1º e 3º de setembro, na cidade de São Paulo, mais uma edição do Seminário Nacional. Este ano o tema do evento foi “Prioridade ao coletivo para uma mobilidade sustentável”, bandeira que a entidade já levantava há alguns anos, e cuja proposta é promover a expansão de faixas exclusivas e corredores do tipo BRT no país.
Participação da sociedade contribui
De acordo com o presidente da NTU, Otávio Cunha, mesmo com o brasileiro ainda perdendo mais de duas horas nos deslocamentos entre as respectivas residências e o local de trabalho, ele reconhece que a participação da sociedade de forma mais ativa contribui para a adoção de certas meddas, assim como os avanços na mobilidade em algumas capitais brasileiras. “de 2013 pra cá houve uma série de avanços. Foram concluídos vários quilômetros de faixas seletivas. São Paulo é um bom exemplo, com 400 quilômetros. Outras cidades também abraçam essa causa. Assim, melhora-se o serviço, reduzindo o tempo de viagem e atraindo até demanda nova. Alguns corredores BRT ficaram prontos. O Transcarioca, no Rio de Janeiro, e o MOVE, em Belo Horizonte, são casos que nos animam a continuar buscando soluções para outras cidades”.
Coibrir estacionamentos é uma sugestão
O primeiro dia de atividades do seminário reservou debates em torno das medidas que têm sido tomadas para melhoria da mobilidade urbana nas capitais, de modo a otimizar os deslocamentos da população, dinamizar a economia das cidades e diminuir os congestionamentos. O painel “Priorização ao coletivo para uma mobilidade sustentável” contou com a participação do secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, que afirmou, de forma categórica: “Dar prioridade ao usuário do transporte público deve estar na agenda politica do Estado. Ele está no direito de reclamar, porque é ele quem paga a conta”.
Já o coordenador do Movimento pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade (MDT), Nazareno Affonso, apresentou, entre outras medidas, uma que pode ser significativa para a mobilidade nas cidades, independentemente do seu porte. Ele lembrou, entretanto, que é preciso esforço conjunto de agentes da sociedade civil para promover a reformulação e a utilização do espaço viário existente. “Hoje, o prefeito pode proibir o estacionamento em qualquer via em que circule o transporte. Por lei, ele tem essa autoridade. Se levarmos para o Código Brasileiro de Trânsito a proibição do estacionamento em qualquer via em que circule o transporte público, vai facilitar o poder público na implantação das vias exclusivas e aumentar a velocidade operacional em toda a sua linha. Nós, da sociedade civil, podemos nos organizar para pressionar o poder público a reduzir o número de estacionamentos. Esta é uma das ideias que o MDT já defende”.
Fonte: Revista Ônibs – Edição 92 – Ano XV – Novembro/Dezembro 2015
Imagem: NTU – Divulgação